Os dois cansados; ele na inocência, acreditando que dormiria depois de ter tomado até um remédio pra dor de cabeça e eu tentando fazer o sono vir e pensando que deveria ficar quieta porque sabia que ele estava exausto depois de trabalhar até o fim da noite.

Oito meses só observando, querendo, pensando... aquele tempo todo achando que jamais teria chance, que ao menos conseguiria uma amizade com ele, daí ele veio falar comigo do nada e ali estava eu, uma semana depois da primeira conversa: a cama no chão, aquele cobertor quase de pelúcia e um travesseiro fofo onde ele deitou mais tarde, esticando o braço pra eu dormir sentindo o cheiro dele. E que perfume bom, (ele me disse usar já há alguns anos) me agradou muito, falei sobre o meu, que também uso há um tempão, recebi um elogio que eu não esperava e assim seguiu a conversa.

Lembro de abrir meu sutiã pra ele, eu estava cansada de ficar ajeitando aquilo todo tempo e quando ele disse; "Chega de ajeitar isso aí, né?" eu já não aguentava mais de tanta vontade de me livrar daquilo. Senti o nervosismo naquelas mãos trêmulas, não vi motivo pra aquilo, mas também poderia ser apenas impressão minha por eu estar muito nervosa e tentar não demonstrar isso, pensando que o nervoso ali era ele.

O sol quase começava a despontar no horizonte quando eu dormi no aconchego da pele macia e do perfume suave e agradável do peito dele, eu sabia que talvez nada daquilo aconteceria novamente, por isso guardei tudo na memória. A vontade de se ver de novo talvez seja recíproca, mas o combinado foi o desapego, essa é a parte complicada; eu luto pra não me prender naquele jeito diferente que ele tem de falar, pra não viciar naquele perfume e pra não parecer exagerada como uma adolescente de 16 anos.

Mas como não querer ver de novo aquela pessoa que a gente tanto quis?
Como não querer repetir os momentos bons que antes eu tinha apenas no fundo da minha imaginação?

Sei que no fundo ele quer, mas a vida nos impede de querer, nos impede de demonstrar e é por isso que eu escrevo. Certas memórias devem ser pra sempre, os sentimentos infinitos que cabem em apenas uma noite podem ficar guardados pra sempre na memória pra gente matar a saudade quando sentir falta daquele toque suave, daquela voz agradável, daquele perfume inesquecível.

Pequenas doses de felicidade e realização são o que falta na vida da gente as vezes, essas situações de adrenalina, ansiedade, nervosismo são o que me fazem sentir viva, são o que me motivam, são o que fazem uma provável noite de sono e descanso, se tornar mais uma história de felicidade momentânea compartilhada.

Depois de tudo isso que escrevi e do que não escrevi, é claro que te quero de novo, mas enquanto isso não acontece (se acontecer), só posso dizer uma coisa:
Muito Obrigada.


Deixe um comentário