Eu gosto tanto dos teus olhos castanhos, principalmente quando eles falam que tua boca se nega a dizer. São como uma tempestade de sentimentos encobrindo o céu azul dos teus pensamentos mais sublimes. Quando eu olho nos teus olhos eu sinto que tu sente algo a mais, mas foge como uma criança com medo da tempestade, a tempestade que tu mesmo criou.
E o teu cabelo, liso, cheiroso, sempre ao vento, arrastando junto todo meu amor, deixa o perfume e leva meu sentimento, como na primeira vez que te vi, te amei sem ao menos ver teu rosto com clareza, naquele momento eu sabia que seria mais do que só aquela paixão temporária, como aquelas que se tem no ônibus indo pra aula.
Tuas mãos, o jeito com que tu segura um latão de cerveja gelada, a forma com que elas jogam teus cabelos lisos pra trás quando antes de levantar aquela garrafa de vinho barato que compramos no final da noite. Eu e minha mania de reparar nas mãos das pessoas... Por que tu tem que ter mãos bonitas? Isso é algum tipo de arma pra fazer eu querer mais ainda que elas toquem em mim?
Por que eu tive que lembrar disso? Teu toque. Aquele jeito que tu toca o meu rosto, envolve meu pescoço e sobe as mãos pelos meus cabelos, que me faz esquecer que existe qualquer outra coisa nesse mundo. Até mesmo o mais simples dos abraços já me deixa paralisada, tu tem o poder de me deixar sem ação, sempre.
Cada detalhe teu conta, cada pequena besteira faz diferença, eu sempre vejo, sempre noto, sempre lembro... Lembro da primeira vez que falei dos teus cadarços desamarrados, eu achei que fosse uma coisa incomum, mas é como uma marca tua, com aquele teu passo de quase bêbado, parece que tu vai desabar a qualquer momento, mas quem desaba sou eu cada vez que caminho do teu lado, pareço inteira, mas me vejo em pedaços cada vez que estou contigo e mesmo que tu caísse por causa dos teus cadarços (que eu tanto aviso pra tu arrumar e tu nunca arruma), jamais doeria tanto quanto dói em mim, por estar do teu lado e não poder dizer que tu e eu somos 'nós'.
Aquela vez tu falou que ia embora, que me deixaria voltar sozinha pra casa, eu olhei nos teus olhos de tempestade e disse: "Não me deixa aqui!", tu pensou que falei pelo momento, mas era como se eu te pedisse pra ficar na minha vida, só que tu nunca notou, tu nunca entendeu nenhum sinal, ao menos prestou atenção em todas as vezes que eu falei a verdade sobre o que sentia e pensava, sempre esperei que tu olhasse pra mim e falasse tudo o que teus olhos escondiam, mas esse dia nunca chegou, nem nunca chegará.