"Você é abusiva quando enxerga na minha vida uma extensão da sua e projeta em mim tudo aquilo que queria ter sido e não foi e tudo aquilo que queria ter feito e não fez. E se frustra toda vez que eu tomo um caminho diferente do que você queria tomar. Quando percebe que eu não tenho os mesmos gostos nem reproduzo os mesmos pensamentos que os seus e toma atitudes cada vez mais drásticas na tentativa desesperada de retomar o controle. Quando confunde dominação com instrução e não aceita apenas me dar orientações, mas precisa viver por mim e controlar cada detalhe da minha vida e cada escolha que eu preciso tomar. Que amigos ter. Por quem me apaixonar. O que estudar. Que função exercer. O que fazer no meu tempo de lazer. Você é abusiva quando faz com que eu lamente por ser a pessoa que eu sou, que eu me repreenda e tente me transformar em alguém que eu não queria ser. Que eu me odeie por isso. Me ache errada e me questione todos os dias: porque eu não posso simplesmente ser mais como a Mariazinha? Por quê eu sou esse monstro que causa tanto sofrimento na minha mãe? Você é abusiva quando se utiliza de discursos maternais sobre como me ama e “só quer o meu melhor” para abusar do seu poder de mãe. E, ah, as chantagens emocionais! Não podemos nos esquecer dos jogos psicológicos e das tentativas múltiplas de manipulação. Das lágrimas, dos choros e das ameaças. Tudo isso pra conseguir o controle de volta e me fazer tomar a decisão que você gostaria que eu tomasse. Eu não estou bebendo, me drogando, me prostituindo ou reprovando de ano. Não é preocupação. Não é educação. Não é saudável. Não é o seu melhor. Não é pro meu próprio bem. É abuso." Triste, muito triste, mas uma grande verdade da minha vida. Eu quera que minha mãe lesse este texto, mas mesmo se eu tentasse mostrar pra ela, já viraria briga. Não é fácil ser filha única, de mãe solteira, super protetora, autoritária (leonina), que veio do interior e tem 40 anos de diferença. Ser adulta nem sempre significa ser independente e o pior disso é que as pessoas acham que é fácil se livrar dessa situação. Mas ninguém faz ideia de como é estar no meu lugar. Me permiti o desabafo porque depois de anos, muitas pessoas ainda devem me julgar pelas vezes que eu não pude ir na festa, que eu não fui no almoço da igreja, que eu não pude dormir fora de casa e quando criança, até mesmo vezes que eu não pude BRINCAR NA RUA DE CASA!

A situação é complicada a ponto de eu saber todas as reações dela pra cada atitude minha, evitar me incomodar, abrir mão de sair e de ter certas conversas porque ela simplesmente não sabe me dar ouvidos nem o poder da palavra, muito menos o poder de decisão. Hoje mesmo, estávamos à mesa, fui pegar uma colher para comer feijão e ela perguntou o que eu queria, sendo que não precisava perguntar porque eu sou grande o suficiente pra resolver isso sozinha, sem ela precisar tomar partido, peguei uma colher pequena e ela levantou da mesa e foi buscar uma grande, SÓ QUE EU QUERIA A COLHER PEQUENA MESMO e quando falei isto, ela simplesmente jogou a colher grande como quem estivesse ofendida com o que eu disse, mas em nenhum momento eu fui rude, apenas não pedi ajuda dela e me resolvi sozinha.
Eu tenho vergonha de falar sobre essas coisas, é muito fácil alguém vir aqui e julgar, mas só quem passa por isso, sabe.
Quero muito que este problema acabe e eu possa vir aqui, contar pra todos vocês que esse sofrimento acabou. Torçam por mim, me desejem sorte e lembrem-se de nunca julgar alguém que passa por isso porque é muito mais difícil do que se imagina.
O texto completo foi escrito pela Vanessa Chanice e você pode ler, completo, aqui neste link.
Ele apareceu no meu Facebook e eu nem pensei, apenas abri para ler e quis compartilhar aqui no blog, depois de tanto tempo sem postagens, achei válido voltar trazendo um tema sério e dando meu pequeno depoimento sobre como é ter uma mãe abusiva.


2 Comentários

  1. ahah a sua não é muito diferente da minha, não acho que ela mudou, eu que quando sai de casa e mesmo de longe no começo ela tentou me controlar, ainda não sei se ela ja entendeu que sou adulta e pronta pra viver minha vida com meus erros e acertos ou só parei de dar oportunidades pra ela fazer essas coisas. triste mas é a verdade pra mim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu quero muito sair, mas ela só tem a mim, quando eu toco no assunto ela vem com chantagem psicológica, diz que vou abandonar ela, que eu sei que ela não tem ninguém mais (nem quer ter), essas coisas... mas eu sigo na decisão, to me planejando e quero ver ela me impedir!
      Parece que elas não entendem que nosso amor é maior do que a barreira entre um bairro e outro ou uma cidade e outra, né?
      Obrigada pelo comentário, Helooo, saudade. <3

      Excluir